Aplicando a metodologia PERT/CPM à gestão de projetos de construção

Metodologia muito usada para planejamento, especialmente na gestão da construção, o método PERT/CPM permite uma melhor visualização de como as atividades serão alocadas, auxiliando na diminuição de imprevistos e na realização de um cronograma realista para a obra.

O processo é usado para determinar quanto tempo levará um projeto e qual seu caminho crítico, ou seja, quais tarefas devem ser priorizadas para não ocorrerem atrasos.

Assim, como resultado, também é possível identificar folgas, ou seja, laborações que podem ter sua duração programada estendida sem qualquer prejuízo ao cronograma. Confira!

O que são as metodologias PERT/CPM?

Primeiro, é importante ressaltar que, por mais que geralmente as metodologias PERT/CPM sejam utilizadas juntas, elas são estruturas diferentes. Ambas possuem objetivos em comum, como o controle, previsão e gerenciamento de prazos e recursos.

O PERT funciona como uma técnica que considera o gerenciamento, programação, organização, coordenação e controle de processos com tempos mutáveis. Já o CPM toma como base que a duração da atividade final é fixa e não variável.

A sigla PERT significa Técnica de Avaliação e Revisão de Programa(Program Evaluation and Review Technique). Ela se baseia em métodos probabilísticos e uma média ponderada para estimar a duração de cada lógica, considerando três cenários diferentes: otimista, pessimista e mais provável.

A primeira hipótese é a que considera o menor tempo para realizar uma função em situações ideais. O pessimista considera a duração caso problemas aconteçam. Por último, o mais provável é aquele que tem maiores chances de realmente ocorrer durante a execução do projeto.

Já o CPM é definido como Método do Caminho Crítico (Critical Path Method). Essa ideia se baseia no fato de que algumas estruturas são mais significativas em questão de tempo e influenciam mais no prazo final do resultado. Normalmente essa noção vem de informações referentes a serviços idênticos ou parecidos já realizados anteriormente.

No CPM, não se considera folgas para as construções consideradas de maior prioridade. Já nas de menor impacto, que podem ocorrer concomitantemente às outras, pode-se considerar uma pequena folga. Mas, de qualquer forma, o planejamento não permite atrasos no prazo final, que é sempre fixo.

A importância do PERT/CPM na gestão de projetos

Para compreender a importância do método PERT/CPM e como usá-lo, é preciso destacar, primeiro, seus objetivos. Conhecendo suas finalidades de maneira prática, fica fácil entender como podem ser fundamentais em um projeto. Quando aplicada à obras, seus principais propósitos e benefícios são:

Evitar problemas de ociosidade e atrasos

Em um planejamento, a maioria das etapas depende diretamente de outras, e quando uma atrasa, todas as demais também vão sofrer uma prorrogativa.

Isso gera não só um problema com o cronograma, mas também gastos excessivos com ociosidade de colaboradores que precisam esperar, às vezes até dias, até que suas funções possam ser realizadas.

Assim, um dos objetivos do método PERT/CPM é minimizar os gargalos localizados nos projetos.

Analisar os pontos importantes

Alguns passos construtivos são mais cruciais que outros, causando problemas tanto em questões de atraso quanto de gastos. Um exemplo é a concretagem dos elementos estruturais.

Quando feito in loco, caso ocorra alguma falha, isso acaba gerando enormes prejuízos e inviabilizando a continuação de outros processos até que tudo seja resolvido.

Por isso, as metodologias PERT/CPM visam auxiliar na identificação das etapas críticas e que merecem maior atenção. Além de definir folgas para que, mesmo com prorrogações, o planejamento ainda fique dentro do prazo. Com isso, evita-se que problemas ocorram nesses processos.

Permitir melhor visualização da obra e prever fatores críticos

As construções, principalmente de grande porte, possuem diversas frentes de trabalho e todas elas precisam ser devidamente controladas e geridas para que não haja nenhum atraso ou retrabalho.

Além disso, quando algum problema acontece, é importante que a solução seja definida de forma rápida. Assim, o objetivo do PERT/CPM é permitir maior controle e panorama geral da obra, com uma visualização mais detalhada.

Também possibilita uma previsão antecipada dos fatores críticos que podem acontecer, já pensando em possíveis decisões a serem tomadas. Dessa forma, a construtora gasta menos tempo com retrabalhos e reduz gastos desnecessários.

Estabelecer um cronograma de obras

No geral, todos os projetos têm um prazo para entrega. Mas só a data final não é suficiente, é preciso que todas as atividades sejam descritas de forma detalhada, com estipulação para começo e término, além de uma ordem definida para cada uma.

Dessa forma, a metodologia PERT/CPM tem como ideia estabelecer um cronograma para definir as datas, a ordem e as informações relevantes sobre cada passo.

Assim, viabilizando uma programação mais eficiente da equipe e também permitindo uma compreensão mais clara sobre as datas em que companhias terceirizadas precisam ser contratadas.

O método do caminho crítico com o diagrama de redes

O caminho crítico é a sequência de tarefas que levam mais tempo para serem terminadas. Esse processo determinará o prazo total do projeto de construção e não haverá folgas nas atividades. É a informação mais importante porque, a partir dela, é possível identificar quais serviços devem ser priorizados e finalizados para que o projeto não sofra atrasos.

Se o resultado do caminho crítico for mais longo do que o esperado, é possível agilizar os passos (acelerando alguma das atividades). Após a redução do tempo, é preciso reavaliar a estruturação para saber se ele continua o mesmo e, então, repetir o processo, se necessário.

Já o Diagrama de Redes mostra a dependência entre tarefas através de símbolos (setas, setas pontilhadas, círculos) e arquivos relevantes (caminho das setas, tempo entre as atividades).

Círculos

Simbolizam a transição entre etapas e também são chamados de “nós”. Entre eles, ficam as setas, evidenciando um ponto de partida e seu destino de acordo com o fluxo de dependência das atividades.

Os círculos facilitam a visualização do gráfico e devem ser sempre numerados.

Setas

As setas são as tarefas a serem executadas. Em cada uma delas, há o nome da atividade na parte de cima (geralmente são usados códigos, para não poluir o diagrama) e, embaixo, o tempo necessário para a sua realização.

Setas pontilhadas

Semelhantemente às setas cheias, as pontilhadas representam os passos da construção, mas são chamadas de “fantasmas ou imaginárias”, pois servem para mostrar dependência entre dois serviços sem criar um novo.

Embora elas também estabeleçam a relação entre os planejamentos, as setas pontilhadas ainda têm outro uso, que será melhor explicado abaixo através de um exemplo.

É preciso ter atenção, pois, para quem não está acostumado com a metodologia, os círculos podem parecer tarefas e a seta, apenas uma ligação entre elas.

Exemplo de uso da metodologia PERT/CPM

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Relembrando os conceitos e as informações da imagem:

    • Círculos: transição entre os passos do projeto. Numeração aleatória;
    • Setas: as letras são códigos que representam etapas reais. Os números simbolizam o tempo que elas levam para ser concretizadas.

Portanto, a tarefa A precisa ser finalizada antes do início de B e C. O D só poderá ser feita depois que a B for terminada, assim como o E só poderá ser concluído após a C ser executada. Por fim, a F só poderá ser colocada em ação depois que a D e a E estiverem concretizadas.

Temos dois caminhos de serviços nesse diagrama:

    1. A-B-D-F: esse caminho levará 2+2+2+5 = 11 dias para ser finalizado.
    2. A-C-E-F: a escolha pode demorar 2+2+4+5 = 13 dias para a conclusão.

Dessa forma, o A-C-E-F é a estrutura crítica, porque determina o prazo total necessário para realizar todas as etapas. Falaremos mais sobre o assunto no próximo tópico.

Concluímos que a D pode ser idealizada ao mesmo tempo que a E, porém, a D será feita em 2 dias e E levará 4 dias. Isso significa que a D tem uma folga de 2 dias, ou seja, é possível atrasá-la por até 48 horas sem influenciar o cronograma final da obra.

Essa análise também nos dá a informação de que o time da etapa D pode ficar ocioso por 2 dias se tiver que esperar a equipe da E terminar o serviço e não houver outro projeto programado.

Ainda de acordo com o mesmo exemplo, a D é dependente da B, e a E tem dependência da C. Vamos supor que a atividade E só possa ser iniciada após o término de B e C. Para ilustrar isso, usamos a seta pontilhada.

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O processo não representa nenhuma atividade a mais, apenas indica o que citamos anteriormente. Agora, para a realização da E, é preciso, primeiro, finalizar os serviços B e C.

Usando o PERT/CPM na engenharia

Em um exemplo prático aplicado à engenharia, poderíamos aplicar a metodologia PERT/CPM e trocar as tarefas por:

A – execução de alvenaria

B – reboco e chapisco interno

C – reboco e chapisco externo

D – revestimento interno (pintura)

E – revestimento externo (pastilhas)

F – acabamentos internos e externos

Substituindo os passos da seção anterior por esses serviços, veríamos que a execução de alvenaria precisa ser finalizada antes do início do reboco e chapisco interno e do externo. O revestimento (pintura) só poderá ser feito depois que o primeiro processo for terminado.

Da mesma forma como o revestimento externo (pastilhas) só poderá ser concluído após o reboco e chapisco externo ser executado. Por fim, só poderemos desempenhar a última tarefa, acabamentos internos e externos, depois que os passos externos estiverem concretizados.

Neste exemplo, estamos usando uma mesma equipe para os acabamentos, colocando ambas como dependentes para que o time tenha toda a frente de laboração aberta. Poderíamos, também, separar os passos e colocar seu resultado para cada uma das anteriores.

Não existe um “diagrama padrão”. Para cada situação, é possível adotar aquilo que represente melhor a realidade da construção e da empresa.

Voltamos, então, ao nosso exemplo de engenharia, em que o passo D representa revestimento interno e a atividade E representa revestimento externo. Sabemos que a primeira equipe acabará seu serviço 2 dias antes.

Então, seria possível programar para que este time se junte ao passo E após o término de suas funções, talvez até melhorando o prazo desta última, de 4 para 3 dias, por conta do aumento da produtividade.

Por fim, o exemplo dado aborda o básico da metodologia PERT/CPM, com poucas tarefas e uma numeração curta. Em um projeto real, o esquema torna-se muito mais complexo. Desse modo, é importantíssimo entender o básico do sistema.

Cálculo do PERT

No esquema acima foi criado um exemplo prático para identificar o caminho crítico da tarefa. Mas podemos ainda calcular a duração de uma atividade através do método PERT levando em conta três suposições do tempo, em dias, para a realização de cada passo.

Essas suposições são:

    • Otimista;
    • Mais provável;
    • Pessimista.

Com isso, utilizamos a seguinte fórmula para fazer a conta:

Prazo PERT = (Otimista + (4 x Mais Provável) + Pessimista)/6

Podemos ainda obter um desvio padrão para somar e diminuir ao prazo PERT para que a construção fique dentro de todas as suposições, evitando que haja atrasos ou que sobre muito tempo ocioso. O desvio é gerado da seguinte maneira:

Desvio = (Pessimista – Otimista)/6

Com tudo planejado, obtemos uma duração de determinada atividade e temos uma ideia de quanto tempo para mais e para menos essa tarefa pode demorar, levando em consideração os imprevistos e a produtividade.

Como funciona a metodologia PERT/CPM?

O método CPM foca no caminho crítico do projeto através de uma sequência de processos, determinando sua duração. Já o PERT analisa três possíveis situações. Assim, o CPM se baseia em dados de etapas previsíveis, que já foram realizadas em algum momento, enquanto o PERT utiliza a probabilidade para estimar a duração.

Em outras palavras, podemos dizer que a CPM é determinística e a PERT é probabilística. Além disso, uma diferença entre as duas metodologias é que o CPM considera laborações ocorrendo ao mesmo tempo. Já o PERT considera que cada função tem seu tempo e que ocorrem em ordem e não simultaneamente.

De maneira geral, a PERT é focada em atividades com duração desconhecida e que precisam ser estimadas com base apenas nos processos que a compõem. Por outro lado, a CPM parte do princípio de que a duração final de uma tarefa é conhecida e só é necessário estimar o tempo de modo a não estourar o prazo.

Ambas as técnicas foram desenvolvidas independentemente. Porém, como possuem grandes semelhanças, passaram a ser usadas em conjunto e, atualmente, é comum tratá-las como uma única metodologia.

Bastante aplicada no planejamento da construção civil, por ser uma técnica ampla, a PERT/CPM também é utilizada em outras engenharias, na produção de filmes, em pesquisas, na condução de campanhas publicitárias, entre outros.

Conclusão

O processo PERT/CPM na gestão de construção permite ter controle do desempenho das equipes e identificar em quais tarefas é necessário focar para que não ocorram atrasos.

As informações geradas utilizando essa ferramenta podem ser usadas para melhorar o direcionamento da produção. No exemplo que usamos, já seria possível prever a paralisação de uma frente de trabalho e a readequação daquele grupo.

Por mais que ela possa ser aplicada manualmente, contar com auxílio da tecnologia pode ajudar. Com o uso de softwares de gestão de obras, por exemplo, é possível registrar informações e consultar o projeto em tempo real, via dispositivos móveis. Essas soluções melhoram também a precisão e a qualidade dos processos.

Aqui no blog da Sul Minas Aço você encontra vários temas sobre tendências, novidades e tudo atualizado sobre o mercado da construção civil. Acompanhe-nos e fique por dentro de tudo!

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