A aplicação do projeto executivo na construção civil

Para apoiar e orientar todo o processo de construção de uma edificação, o projeto executivo (PE) é um documento técnico essencial.

Você sabia que muitas obras falham justamente por falta de um projeto executivo claro, detalhado e consistente? Estamos nos referindo a empreendimentos que sofrem com retrabalhos, baixa qualidade, desperdício de materiais, estouro em orçamentos e atrasos, principalmente.

O que é o projeto executivo na construção civil

O projeto executivo consiste em uma etapa posterior ao projeto básico, também conhecido como anteprojeto. Ele não é um trabalho que começa do zero, mas uma extensão do que já foi produzido anteriormente no projeto básico.

Elaborado com base em normas e especificações técnicas, o PE é o documento que chega à mão dos empreiteiros que irão executar a obra. Sabendo disso, fica fácil perceber a importância deste projeto, que deve apresentar, de forma objetiva e precisa, todos os detalhes necessários para realizar a construção.

Diferentemente do estudo de viabilidade e do estudo preliminar, o projeto executivo representa um nível de detalhamento mais profundo. Ele inclui não apenas a representação da arquitetura, das estruturas e das instalações elétricas e hidrossanitárias, como também apresenta especificações, dimensionamentos, detalhes construtivos, enfim, informações necessárias para a efetiva execução da obra.

Outras definições de projeto executivo

A Lei de Licitações (Lei 14.133/2021) define o projeto executivo como “o conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento das soluções previstas no projeto básico, a identificação de serviços, de materiais e de equipamentos a serem incorporados à obra, bem como suas especificações técnicas, de acordo com as normas técnicas pertinentes”.

Outra definição importante consta na Orientação Técnica número 08/2020 do Instituto Brasileiro de Obras Públicas (IBRAOP). De acordo com ela, “o projeto executivo constitui-se de projeto básico acrescido de detalhes construtivos necessários e suficientes para a perfeita instalação, montagem e execução dos serviços e obras, elaborado conforme as normas técnicas pertinentes e sem alterar o projeto básico, inclusive seus quantitativos, orçamento e cronograma”.

Quais são as diferenças entre projeto básico e projeto executivo?

O projeto básico apresenta as diretrizes gerais do empreendimento, fornecendo uma visão ampla e abrangente. Este documento é elaborado para um cliente, servindo de apoio para a tomada de decisões e para estimar custos preliminares O projeto básico também contribui para a análise de viabilidade e obtenção de licenças e aprovações iniciais.

Embora inicial, esta não é uma etapa que possa ser negligenciada. Afinal, é durante o desenvolvimento do projeto básico que são definidas as principais características e parâmetros da edificação, como a concepção arquitetônica, a distribuição dos espaços, as especificações técnicas iniciais e os elementos fundamentais da estrutura e das instalações.

Em contrapartida, como você já viu, o projeto executivo é confeccionado para prover informações detalhadas e completas para a execução da obra. Assim como o anteprojeto, ele deve ser elaborado por profissionais devidamente registrados em seus respectivos conselhos, garantindo a qualificação e a legalidade do trabalho realizado.

O projeto executivo contempla não somente os aspectos arquitetônicos, como também os projetos complementares das outras especialidades. Isso significa que ele pressupõe um trabalho de compatibilização, para não haver conflitos na hora da execução no canteiro.

É importante ressaltar que, quando falamos em projeto básico e executivo, não há um documento ou etapa mais importante do que o outro. Esses projetos desempenham funções diferentes e são complementares.

Quais documentos fazem parte do projeto executivo?

  • Memorial descritivo — Descreve os materiais a serem utilizados, as técnicas construtivas, os requisitos de desempenho almejados e outras informações relevantes.
  • Plantas e desenhos técnicos — Contém representações gráficas claras e precisas da arquitetura, estrutura, instalações prediais, entre outras disciplinas. Devem incluir as dimensões, os detalhes construtivos, a especificação dos materiais e todos os elementos necessários para a execução bem-sucedida da obra.

A ABNT NBR 16.636-2:2017 é a norma brasileira em vigor que trata da elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos. Esta norma lista os desenhos que devem estar contidos no projeto executivo. São eles:

  • Planta geral de implantação com informações planialtimétricas e de locação;
  • Planta e cortes de terraplenagem com as cotas de nível projetadas e existentes;
  • Plantas e detalhes das coberturas;
  • Cortes (longitudinais e transversais);
  • Elevações (frontais, posteriores e laterais);
  • Plantas, cortes e elevações de ambientes especiais, tais como banheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e lavanderias, com as especificações técnicas de seus componentes e sua quantificação em cada desenho;
  • Detalhes de elementos da edificação e de seus componentes construtivos em escalas compatíveis.
  • Especificações técnicas — Detalham as características e os requisitos técnicos dos materiais a serem utilizados na construção, bem como das técnicas construtivas que serão empregadas. Listam as normas a serem seguidas, as propriedades dos materiais, as técnicas de instalação e outras informações necessárias para garantir a qualidade e o desempenho adequado da obra.
  • Orçamentos — Trata-se de uma estimativa dos custos envolvidos na execução da obra. Baseia-se nas quantidades de materiais, de mão de obra e de equipamentos necessários para a construção.
  • Cronograma de execução — Define a sequência das atividades e os prazos para a realização de cada etapa da obra. Esta é uma parte fundamental do projeto executivo, que auxilia no planejamento da execução.
  • Documentações legais e normativas — O projeto executivo deve incluir, ainda, toda a documentação legal e normativa necessária para a obtenção das aprovações e licenças para a construção. Estamos nos referindo aos documentos exigidos por órgãos governamentais, comprovação de atendimento às normas técnicas aplicáveis, entre outros.
  • Quantitativo de materiais e equipamentos — Consiste na listagem detalhada dos materiais e equipamentos para a execução da obra. Este quantitativo auxilia no dimensionamento dos materiais a serem adquiridos, no planejamento de logística e no controle de estoque durante a construção.

Importante! Durante o processo de desenvolvimento, o projeto executivo precisa ser revisado constantemente. O ideal é que isso seja feito por um profissional diferente daquele que elaborou o projeto básico. Tal cuidado é importante para garantir um olhar crítico e identificar antecipadamente eventuais erros projetuais.

Não custa lembrar que realizar correções e ajustes de rota na etapa de projeto é muito mais simples e barato do que ser surpreendido por um erro na obra.

Por isso, vale dar atenção redobrada para evitar as falhas mais recorrentes em projetos executivos. Entre elas, podemos destacar: desenhos técnicos sem revisão, erros de cálculo, informações não precisas, incompatibilidades entre projetos complementares e dados conflitantes.

Nesse ponto, as ferramentas digitais são aliadas de primeira ordem de quem trabalha na construção civil. Essas soluções tornam mais fluido o processo de desenvolvimento de projetos executivos, auxiliando a colaboração e a coordenação que são tão fundamentais para o sucesso da jornada.

Como garantir o controle sobre a execução de obras?

Uma vez que as atividades no canteiro tenham sido iniciadas, é fundamental que sejam adotados controles para assegurar:

1) Que as atividades sejam realizadas conforme o previsto;

2) Os níveis de desempenho e qualidade almejados.

Breve síntese sobre o que vimos hoje

O correto desenvolvimento de todas as etapas de um projeto é fundamental para o sucesso de uma construção. Em especial no caso do projeto executivo, a sua importância passa pelo fato de que esse documento funciona como um manual de instruções para orientar as equipes de campo na etapa de obra.

Elaborado após a conclusão do projeto básico e previamente à execução da obra, o projeto executivo exige um nível de detalhamento profundo, em comparação ao anteprojeto. Além disso, ele é mais complexo, sendo composto por uma série de desenhos (plantas, cortes e detalhes) e documentos escritos (cronograma, memorial descritivo, etc.).

Mas de pouco adianta ter projetos consistentes e bem compatibilizados se, no canteiro, a execução não ocorrer com o mesmo grau de qualidade, não é mesmo? Daí a importância de termos ferramentas e mecanismos de controle que nos ajudem a assegurar que o projeto seja executado da melhor maneira possível, de acordo com o planejado.

Aqui no blog da Sul Minas Aço você encontra vários temas sobre tendências, novidades e tudo atualizado sobre o mercado da construção civil. Acompanhe-nos e fique por dentro de tudo!

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