O inverno chegou e com ele, a concretagem se torna mais imprevisível! Como sabemos, o concreto é composto de cimento, brita, areia, água e aditivos e as reações exotérmicas do cimento são um dos principais fatores para seu “endurecimento”. Durante o inverno ou em dias com baixas temperaturas, as peças concretadas sofrem mudanças em seu desempenho habitual de desforma, gerando inúmeras solicitações de ocorrências nas centrais de concreto, questionando o que realmente acontece com as peças concretadas nas primeiras idades, sendo que, muitas vezes, elas não ganham a resistência esperada aos 7 dias.
O objetivo do conteúdo de hoje é apresentar aos profissionais que trabalham com esse material, qual a influência da temperatura no momento da desforma. É preciso avaliar o impacto de temperaturas abaixo de 15 °C nas características de início ao fim na evolução das resistências à compressão, e também esclarecer e prevenir eventuais problemas que possam ocorrer durante a concretagem e no desempenho das peças.
A hidratação de qualquer tipo de cimento é influenciada principalmente pela temperatura e pela finura do cimento, então durante o inverno, é relativamente frequente o retardamento de pega do concreto e as consequentes quedas das resistências nas idades iniciais, o que muitas vezes impossibilita a desforma de peças estruturais. Portanto, a falta de cuidados preventivos pode causar danos tanto no ciclo operacional das indústrias, bem como patologias irreversíveis devido a má hidratação pela ineficiência do processo de cura, mesmo com o concreto ainda no estado fresco.
No entanto, procedimentos podem e devem ser adotados para mitigar os efeitos da diminuição da resistência e do aumento no início e fim de pega do cimento. Veja alguns deles:
- Durante o tempo frio, todas as superfícies do concreto devem ser cobertas logo após o lançamento, a fim de manter o calor no material. Podem ser utilizados os seguintes recursos:
– lonas enceradas;
– lençóis plásticos
– papel impermeável de espessura suficiente.
- Improvise estufas com lonas plásticas durante a cura inicial do concreto, mantendo a cobertura distante +/-10 cm da superfície das peças.
- Prolongue o tempo de espera antes da desforma, umedecendo e mantendo-as pelo maior tempo possível.
- Realize as concretagens se possível sempre no período da manhã, aproveitando ao máximo a temperatura ao longo do dia. É importante ressaltar que a tendência natural é, no final da tarde e período da noite, termos temperaturas mais baixas.
- Em caso de desforma muito rápida, utilizar cura a vapor através de caldeiras, acelerando o início de pega do cimento.
- Utilizar aquecedores no local onde as peças estarão em cura inicial.
- Estocar os materiais em ambientes com temperatura uniforme controlada de 23+/- 2°C por um período mínimo de 24 horas antes da mistura do concreto. Um método adequado é cobrir o agregado com lona.
- Para desformas rápidas é possível utilizar aditivos aceleradores de pega, no entanto alguns cuidados devem ser tomados: aditivos à base de cloretos não devem ser utilizados em hipótese alguma em peças que possuem armaduras; neste caso o recomendado é a utilização de aceleradores sem cloretos.
Se os cuidados acima forem adotados durante a dosagem, é possível minimizar os efeitos das baixas temperaturas no concreto e consequentemente manter as suas características, melhorando o seu desempenho.
Todas as sugestões oferecidas devem ser supervisionadas pelo responsável técnico da obra, que avaliará as necessidades do material e mão de obra da concretagem para evitar a má qualidade dos materiais utilizados ou por erros de procedimentos de mão de obra. Para evitar problemas em baixas temperaturas, certifique-se de contratar um fornecedor de concreto que respeita as normas técnicas e que utilize cimento e aditivos ideais e nas proporções corretas para o inverno.
Quando se realiza concretagem em tempo frio, é praticamente impossível determinar quanto tempo levará para o concreto iniciar seu estágio de endurecimento, pois isto depende de vários fatores. Temperaturas muito baixas podem interromper o processo de endurecimento, promovendo também um retardamento na pega pela falta de água. Lembrando que, mesmo durante o inverno, é importante realizar a cura de peças concretadas, pois, além de baixas temperaturas, há condições de ventos fortes e baixa umidade do ar.
Desse modo, conclui-se que, no caso de concretagens realizadas em temperaturas baixas, desde que não haja o risco de congelamento, a evolução da resistência à compressão é prejudicada até a idade de 7 dias. Isso acontece, principalmente para as relações mais altas (considerando-se o tipo de cimento estudado), sendo que a resistência continua evoluindo normalmente após essa idade, atingindo níveis próximos e até maiores que os concreto curados em temperaturas mais elevadas.
Portanto, quando o cimento está dentro das normas técnicas brasileiras, é corretamente armazenado e está no prazo de validade, provavelmente não será responsável pela não evolução de resistência de peças concretadas em baixas temperaturas.
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