Com a chegada do frio e a aproximação do inverno, é preciso estar atento aos processos de concretagem nas obras de construção civil. Isso porque o clima exerce influência direta no concreto e na argamassa.
Todo o processo de hidratação do cimento, endurecimento do concreto ou argamassa e desenvolvimento da resistência é prejudicado pelas baixas temperaturas.
No conteúdo de hoje vamos falar sobre as consequências negativas da concretagem em baixas temperaturas, além de conferir algumas dicas de como minimizar tais efeitos.
Vamos nessa?
A concretagem em temperaturas extremas
A norma ABNT NBR 14934 determina a interrupção da concretagem sempre que estiver prevista a queda na temperatura ambiente para abaixo de 0ºC nas 48 horas seguintes.
O concreto e a argamassa possuem uma quantidade significativa de água que, em temperaturas muito baixas, pode congelar.
O congelamento da água provoca a interrupção do processo de endurecimento e aumento de volume, acarretando graves consequências que comprometem a estrutura como um todo.
Por isso, a suspensão da atividade de concretagem é a atitude mais aconselhável em casos de temperaturas extremas.
A concretagem em temperaturas abaixo de 16ºC
Mesmo que a temperatura não seja tão baixa a ponto de ocorrer o congelamento, a concretagem ainda pode ser prejudicada caso a temperatura ambiente esteja abaixo dos 16ºC.
Não apenas a concretagem é afetada. Atividades não estruturais, como a aplicação de um reboco, são influenciadas pelo clima.
Sabe quando ouvimos que o cimento não está puxando? Esta pode ser uma consequência da baixa temperatura no ambiente.
Consequências da concretagem em temperaturas abaixo de 16ºC
Baixas temperaturas podem trazer uma série de consequências negativas ao processo de concretagem. Entre as principais, destacamos:
- Retardo de início e fim da pega;
- Retardo no acabamento superficial do concreto;
- Perda de água de amassamento, também atrelada à baixa umidade relativa do ar e velocidade elevada do vento, causando fissuras por retração plástica;
- Atraso do início da cura do concreto, podendo acarretar problemas de retração plástica e secagem, além da perda de resistência superficial;
- Aumento da tendência de ocorrência de fissuras, já que o concreto não ganha resistência inicial suficiente para fazer frente às tensões relacionadas às reações de hidratação do cimento;
- Endurecimento mais lento da camada inferior comparado à camada superficial em concretagens sobre sub-bases frias.
Além disso, em pisos industriais e lajes com formas plastificadas ou metálicas, a face inferior do concreto acaba tendo uma velocidade menor de endurecimento com relação à superfície exposta.
Com isso, a perda de água não ocorre na face inferior. A face superior, por estar sujeita a uma temperatura ambiente mais elevada e apresentando uma maior taxa de água de exsudação (com posterior perda por evaporação), resseca-se e endurece mais rápido que o restante, apresentando um aspecto “borrachudo”.
Ações preventivas para concretagem em temperaturas abaixo de 16ºC
Algumas ações preventivas podem minimizar o efeito das baixas temperaturas em concretagens realizadas em períodos de inverno ou em dias de muito frio.
Se estes cuidados forem adotados durante o processo, é possível minimizar os efeitos das baixas temperaturas e consequentemente manter as características do concreto.
Cubra as superfícies do concreto
Em tempos frios, todas as superfícies devem ser cobertas logo após o lançamento, a fim de conservar o calor do concreto.
Para isso, podem ser utilizados os seguintes recursos:
- Lonas enceradas
- Lençóis plásticos
- Sacos de aniagem
- Papel impermeável de espessura suficiente
Use estufas para a cura do concreto
É possível improvisar estufas com lonas plásticas durante a cura inicial do concreto. É preciso uma distância média de 10cm entre a lona e a superfície das peças.
Prolongue a espera da desforma
Outra ação importante é prolongar o tempo de espera antes da desforma, umedecendo e mantendo-a pelo maior tempo possível.
Aproveite ao máximo o calor do dia
O horário também é um fator fundamental. O ideal é realizar a concretagem no período da manhã, aproveitando ao máximo a temperatura ao longo do dia.
Lembrando que a tendência natural é que no final da tarde e período da noite as temperaturas diminuam.
Utilize aquecedores
Essa dica é simples e direta: utilize aquecedores no local onde as peças estarão em cura inicial.
Aditivos aceleradores de pega
Este é um ponto delicado. É possível utilizar aditivos aceleradores de pega para desformas rápidas, no entanto, alguns cuidados precisam ser tomados.
Aditivos à base de cloreto não devem ser utilizados em HIPÓTESE ALGUMA em peças que possuam armadura, neste caso é recomendada a utilização de aceleradores livres de cloreto.
Cuidado técnico e especializado
Todos os procedimentos de cuidado e prevenção aqui listados devem ser supervisionados pelo responsável técnico da obra, que deverá determinar o tempo de desforma, o material que será utilizado para manter o concreto aquecido, o tipo de aditivo, enfim, todo o planejamento da concretagem.
Com exceção aos casos extremos, onde há risco de congelamento, a evolução da resistência à compressão em concretagens realizadas em baixa temperatura é prejudicada até a idade de 7 dias.
A partir desta idade, a resistência continua evoluindo normalmente, atingindo resistências próximas ou até maiores que os concretos curados em temperaturas mais elevadas.
Esperamos que este conteúdo tenha esclarecido suas dúvidas e ajudado você a entender melhor os desdobramentos da concretagem em temperaturas baixas.
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